Ao comando de um comboio em miniatura

Modelismo à escala
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Pedro André
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Ao comando de um comboio em miniatura

Rádio Renascença

O modelismo ferroviário é um passatempo com mais de um século que continua a apaixonar. A produção com carimbo português tem poucos anos e pouca difusão. Há os coleccionadores que gostam de construir as suas próprias miniaturas, mas a grande maioria dos aficionados compra as miniaturas. São variadas as formas que os coleccionadores encontram para expressarem um sentimento comum: a paixão pelos comboios.
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Passatempo com mais de cem anos continua a apaixonar

A produção com carimbo português tem poucos anos e pouca difusão. Há coleccionadores que gostam de construir as suas próprias miniaturas, mas a grande maioria dos aficionados compra os comboios. São variadas as formas que os coleccionadores encontram para expressarem um sentimento comum: a paixão pelos comboios.

São precisas meia dúzia de visitas ao modelo original, tirar entre 2000 e 2500 fotografias e ocupar de 500 a 600 horas para concretizar uma miniatura de comboio a roçar a perfeição e que pode reunir até cinco mil peças. Junta-se uma grande dose de paciência e outra de imaginação e temos um passatempo a que poucos podem dar-se ao luxo de se dedicar. E não estamos ainda a fazer referência a custos monetários.


A construção personalizada de um modelo de comboio em miniatura, peça a peça, é uma vertente do modelismo ferroviário a que poucos se dedicam. A grande maioria dos coleccionadores compra miniaturas de comboios já construídos, podendo fazer-lhe ligeiras alterações de cor, nos adereços ou nas inscrições.

O modelismo ferroviário - ou ferromodelismo - adquire diferentes variantes, de acordo com cada aficionado. Há quem cultive o gosto pelas miniaturas de comboio desde criança, em resultado de prendas recebidas nesse tempo. Há quem tenha descoberto o gosto ou mesmo paixão pelos transportes ou pela ligação profissional aos caminhos-de-ferro. Há quem goste de fotografar, de construir e de imaginar em miniatura. E há quem misture todos estes gostos. Há ainda quem compre para expor em vitrinas, quem exponha numa maqueta construída por si ou quem compre pelo gosto de ter, mantendo os modelos em caixa, à espera de exposição.

É este o caso de Daniel Santos, que inaugurou, há cerca de um ano, na papelaria da família, o negócio da venda de material de ferromodelismo. Tem 29 anos e ainda que as miniaturas de material circulante representem apenas 5% no total das vendas da loja, confessa que está a "alimentar um gosto pessoal". Cultiva o passatempo desde que o pai lhe ofereceu um kit de iniciação, com algumas peças, mantendo o material em caixas até ao dia em que espera reunir condições para o expor.

Da montra desta papelaria, em Matosinhos, podem ver-se, ao lado de revistas e jornais, material escolar, brinquedos e da caixa registadora de Jogos da Santa Casa da Misericórdia, embalagens de carruagens de comboio, vagões e material para maquetas: relva, árvores, ruas, iluminação, sistemas digitais para proporcionar movimento. O jovem coleccionador constata um aumento na procura do material português, que corresponde também a uma maior produção nacional.

Disso mesmo dá conta Nuno Rocha Brito, 52 anos, antigo proprietário de lojas dedicadas, exclusivamente, ao negócio das miniaturas de comboios. Apresenta-se como "artesão de modelos em miniatura", feitos em resina e afirma que, apesar dos primeiros grandes fabricantes com produção industrial em Portugal datarem apenas deste milénio, há "já produção de grande qualidade".



Módulo em construção da estação de S. Paio de Oleiros, Linha do Vouga
O material produzido em Portugal é ainda bastante caro, o que explica, também, que o mercado português seja bastante exíguo, em comparação, por exemplo, com o dos países do centro da Europa, onde a produção, mais industrializada e ligada aos primórdios do passatempo, é bastante procurada.

"O produto português tem dificuldade em afirmar-se no estrangeiro", diz Carlos Oliveira, apesar da sua grande qualidade. Algo que se explica, também, pelo facto dos caminhos-de-ferro portugueses serem muito específicos, em conjunto com o espanhol, com uma bitola que não é a mesma do centro da Europa. Este economista desenvolve um negócio mais raro e caro. Tem 42 anos e dedica-se à produção artesanal de miniaturas em latão. É o único português a produzir artesanalmente peças em metal. Depois de várias deslocações ao terreno para medir e fotografar um modelo original, desenha a peça em computador, a duas dimensões, para depois trabalhar em fotogravação, uma técnica que utiliza folhas de metal e "divide a locomotiva em centenas de peças para serem montadas", explica. Escolheu dedicar-se a "um material nobre. São as peças mais caras e mais difíceis de produzir", afirma.


Novas tecnologias abrem portas ao sector


Além de uma maqueta que ocupa o grande sótão do prédio onde vive, Nuno Rocha Brito tem, em vitrines, dezenas de comboios que são o stock das suas antigas lojas. O empresário encerrou a venda ao público no início da década, "para não perder dinheiro", afirma, acrescentando que a introdução do euro "abriu mercados e os importadores deixaram de ser exclusivos". Ao encerramento não foi alheia a proliferação do mercado, através da Internet. "Os clientes podiam comprar mais barato", sem se dirigirem a uma loja.

Se, neste caso, o "comércio virtual iria causar problemas", afirma Rocha Brito, no caso de Jorge Garcia, ferroviário reformado da CP, o mundo virtual foi uma nova oportunidade. Em 2002, criou uma loja de venda online dedicada ao modelismo ferroviário. Vende material circulante estrangeiro, bem como miniaturas da CP.


Muitos comboios, poucas carteiras



Desde os 12 anos, altura em que a mãe lhe ofereceu o primeiro comboio, Coelho Lemos, vice-presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos-de-Ferro (APAC), coleccionou 847 peças. Foram 57 anos a juntar material.

Este bancário de profissão, que acumulou um espólio invejável, considera que o número de entusiastas deste hobby não está a aumentar, classificando o panorama de ferromodelistas nacionais como "um pouco triste". "Não há novos interessados", lamenta.

Opinião contrária tem, contudo, Nuno Rocha Brito, coleccionador que herdou o gosto pelos comboios do pai, que era construtor de brinquedos em madeira. Brito considera que, neste ramo, "há de juízes a electricistas", "não se olha para a profissão nem grau académico" e fala de entusiastas de várias idades, dando o exemplo dos filhos, de 16 e 21 anos, que deixaram de estudar para se dedicarem à micro-empresa que está a ser desenvolvida pela família, com produção a partir de casa.


Movimento e sons na maqueta dão maior gozo ao modelista

Daniel Santos diz, por seu lado, que – de acordo com a sua recente experiência de venda ao público deste material – "há novos interessados", porque este passatempo "vai passando entre gerações", no seio familiar.

Jorge Garcia afirma que este é um passatempo "para quem pode e não para quem quer".

Os preços variam de acordo com os materiais utilizados e a origem do produto. Daniel Santos dá conta da diferença de preços a que vende, por exemplo, em escala H0, uma carruagem ou um vagão de plástico de injecção produzido na Alemanha, que custa à volta de 25 euros, enquanto o correspondente de origem portuguesa custa mais do dobro: 55 euros.

Carlos Oliveira refere que uma locomotiva H0 em plástico custa 150 euros e uma em latão produzida artesanalmente custa 700 euros.

Nuno Rocha Brito discorda da ideia de que o ferromodelismo é um passatempo caro, uma vez que, no seu caso, reutiliza materiais. "As dificuldades levam à criatividade", afirma o coleccionador, cujo espólio é, em grande parte, construído pelo próprio.


Cerca de mil numa actividade individualista




Exposição das miniaturas em vitrine é mais popular
Serão mais de mil os coleccionadores existentes em Portugal, segundo refere o responsável da APAC, Coelho Lemos. A actividade é, contudo, desenvolvida com um carácter muito individual, pelo que não há associações activas exclusivamente dedicadas ao ferromodelismo.

"O ferromodelismo é uma actividade muito individual e de pouco associativismo", confirma Nuno Rocha Brito, acrescentando, contudo, que o aparecimento da Internet tem ajudado à criação de fóruns de discussão e blogues, abrindo "portas para o conhecimento", entre coleccionadores.

Para Carlos Oliveira, este passatempo nunca poderá ter muitos aficionados, como acontece, por exemplo, no centro e no norte da Europa, muito por causa "do clima e da cultura latina" que faz os portugueses passar menos tempo em casa.

http://www.rr.pt/informacao_detalhe.asp ... &did=99540
e o PDF com a "reportagem" http://www.rr.pt/informacao_detalhe.asp ... &did=99540
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MaMourão
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Com uma coisa eu concordo, é um passa tempo caro.
Marco Mourão
Antunes
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O modelismo ferroviário tem muitas vertentes, aqueles que coleccionam modelos de todas as nacionalidades em vitrinas, aqueles que transformam modelos comerciais estrangeiros para portugueses, aqueles como eu que só adquire modelos portugueses, os que constroem modelos de raiz de forma artesanal sem grandes fins lucrativos. É um hobby caro, talvez, cada um à sua maneira vai adquirindo peças conforme a sua disponibilidade. O mercado português tem fabricantes de excelência, não podemos comparar um modelo da Sudexpress com um Roco, o nível de detalhe é enorme e isso tem um preço.
Sim somos poucos o que leva os fabricantes nacionais a não conseguir escoar os stocks com a facilidade desejada mas tenho encontrado caras novas nas exposições que tenho tido o prazer de participar.
A reportagem foi muito vaga, deviam ter investigado melhor sobre os artesãos de modelismo ferroviário portugueses.
Luis Antunes
APAC 1142 AMF 144
Grupo Modelismo Ferroviário Alverca
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